O Uso do Glicerol no Monitoramento de Temperatura
As práticas de manuseio e armazenamento adequadas desempenham um papel muito importante na proteção de indivíduos e comunidades, afinal a qualidade dos insumos, medicamentos e demais itens refrigerados é uma responsabilidade conjunta de todos, desde a fabricação até a sua administração no paciente/usuário.
Como surgiu a sugestão para o uso do glicerol em monitoramento de temperaturas?
Diversos estudos de caso sobre itens sensíveis a temperatura foram realizados e neles a deterioração foi um dos fatores apresentados, colocando o armazenamento inadequado e a falta de atenção ao vencimento como principais quesitos das perdas. Por isso, o CDC (Centers for Disease Control and Prevention – EUA) formulou e emitiu o “Guidelines for Storage and Temperature Monitoring of Refrigerated Vaccines“.
A orientação da entidade, no EUA, e dos documentos relacionados foram projetados para ajudar as unidades de saúde nos procedimentos do plano de aquisição dos equipamentos relacionados a armazenagem. Apesar de seus estudos e guia serem voltado as vacinas, as orientações servem para qualquer instituição que busque registros minuciosos dos seus itens.
As diretrizes do glicerol no monitoramento de temperatura
Resumimos o guia atual do CDC com algumas de nossas próprias sugestões sobre como as unidades de saúde e clínicas podem tomar medidas para proteger os seus investimentos, desde o recebimento até a administração.
A orientação principal é usar uma sonda revestida de glicerol biosseguro ou qualquer outro líquido semelhante, ao invés de medir a temperatura do ambiente refrigerado. Outra orientação explícita é a inclusão de um sistema de alertas para as equipes em caso de variações da temperatura, sendo assim, é importante incluir sistemas que façam o registro digital dos dados e que os mesmos sejam armazenados em único local.
Simplificando = Sondas em Glicerol + Sistema de Alertas + Registro de Dados Digitalmente.
Os motivos são os mais diversos, vamos ao principal deles? A temperatura do ambiente refrigerado (geladeiras, câmaras, freezers, etc.) flutua cada vez que a porta é aberta e isso causa variação na sonda quando ela monitora apenas o ambiente. Quando a sonda é envolvida em glicerol, ela não fica tão susceptível a estas flutuações e pode representar a temperatura real do item monitorado, em outras palavras, a sonda no glicerol se assemelha as temperaturas dentro das embalagens onde se encontra os itens sensíveis à temperatura.
Outros tipos de tampões, tais como uma tampa de nylon sobre a ponta da sonda de temperatura, têm um desempenho semelhante ao frasco de glicerol. A sonda deve vir ligada por um fio para o monitor externo através da porta da câmara ou ao lado de sua dobradiça, conectada a esse monitor que por sua vez deve oferecer o registro de dados digital a serem armazenados.
Sistema de alertas
Os sistemas de alertas para equipe devem fazer parte do cotidiano das unidades de saúde. Alguns refrigeradores, câmaras e freezers já possuem acoplados em seu próprio equipamento, lembrando que usualmente esses alertas são apenas para uso local, não evidenciando situações críticas para outros operadores fora daquele espaço.
Existem sistemas de alarmes que podem ser adquiridos como opção e existem hoje soluções completas que incluem o monitoramento, o registro, o sistema de alarme, bem como a sonda em glicerol e suas calibrações. A Sensorweb é um desses exemplo que oferece todos esses itens em um único serviço, mas as unidades também podem fazer por conta própria seguindo os guias de saúde sobre a Rede de Frio construídos pela ANVISA e outros órgãos internacionais.
A CDC também colocou como orientação primordial o registro de dados de modo digital com programação de no máximo um espaço de 4h, mas há soluções que podem armazenar registros a cada minuto ou de acordo com a necessidade da unidade. De acordo com o centro, o registro digital é preferível do que a monitorização da temperatura não contínua realizada manualmente pelos colaboradores.
Ou seja, quando colocamos a sonda somente dentro da geladeira ela dá a medida interna do ambiente refrigerado. Porém, com o avanço tecnológico os itens sensíveis a temperatura possuem embalagens que podem alterar a temperatura do medicamento em relação ao ambiente refrigerado. Por isso, colocar a sonda dentro de um recipiente com glicerol pode fazer com que a medição fique mais próxima da temperatura interna dessas embalagens.
O debate em torno da medição via solução de glicerol
O glicerol tem recebido atenção em diversos fóruns de discussão por se tratar de um modo de controle, evitando, por exemplo, a deterioração de itens devido a armazenamento inadequado. No entanto, como todas as sugestões elas são passíveis de verificação, obtendo posições contra e a favor de seu uso.
As grandes dúvidas e questionamentos dos fóruns são ligados ao monitoramento da temperatura que pode ser via sonda de ar ou com solução de glicerol. Perguntas como: Qual a melhor recomendação? Quando se coloca a sonda dentro da geladeira? Elas fornecem parâmetros que indicam a medida interna do recipiente?
Essas perguntas ficam no ar e você pode conferir um dos fóruns aqui, mas nós preparamos um compilado dessa discussão!
Recomendações para medição “com solução de glicerina (glicerol)”
Neste caso, o termo adequado é Core probe ou Core measurement, que indica a medição em glicerol, podendo simular a temperatura dentro dos frascos de medicamentos ou bolsas.
Em garrafas de glicerol (glicerina, glycol) com 33% de água, essa proporção tem o mais baixo ponto de congelamento aproximadamente -43º C). A glicerina é usada apenas para reduzir o ponto de congelamento da solução. Vale notar que a glicerina pura é uma forma de gel sólido acima de zero.
Para uma rotina de acompanhamento a MHRA do Reino Unido, recomenda que as sondas de núcleo contenham um volume mais representativo. Mas isso pode variar dependendo de com quem a unidade de saúde trabalha, se é voltado mais para as áreas pediátricas ou para as adultas. O objetivo principal é fornecer uma correlação direta com o estado real dentro das embalagens. Se as sondas estão sendo utilizadas, não deve haver nenhum atraso nos alarmes, que precisam estar ajustados em 2ºC a 8ºC.
É uma simulação que vale a pena conferir.
Recomendações para medição “sem solução de glicerina (glicerol)”
Este processo é chamado Air probe ou Air measurement, que indica a medição direta, sem glicerol.
Nesse caso, uma sonda de ar pode ser utilizada para o monitoramento de rotina. O local tem condições de demonstrar como isso está se correlacionando às condições dos componentes, especialmente onde são setados atrasos de alarme e onde os limites de alarme não se correlacionam diretamente com as faixas rígidas de temperatura.
Mas sondas de ar podem ser problemáticas. Como elas mostram oscilações de temperatura muito rapidamente devido a abertura de portas podem levar a alarmes falsos.
Está é uma simulação que pode ser utilizada para mapeamento.
Você acredita que este procedimento também é válido quando se trata de pesquisa na área da saúde? Deixe seu comentário.
Não concordo com o exposto no artigo, pois se a geladeira, ou freezer, for mantido aberto por um período de tempo excessivo, os insumos dentro dela começarão a aquecer, comprometendo sua viabilidade, enquanto o sensor do termômetro dentro do recipiente com glicerol (ou qualquer outro líquido) manter-se-á quase que invariável. Sempre aconselho aos responsáveis pela vistoria e registros das temperatura das geladeiras a manter o sensor fora de qualquer líquido e aumentar a atenção ao tempo que as geladeiras dos serviços de saúde ficam abertas.
Olá João, como vai? A tecnologia investida nos últimos anos em medicamentos biológicos faz com que as embalagens possuam proteção para a instabilidade das temperaturas (em especial os medicamentos oncológicos) e que retarda a variação de temperatura dentro do próprio medicamento. O uso do glicerol nestes ambientes é indicado pela ANVISA e também desenvolvemos juntamente com o Lab. Santa Luiza uma pesquisa que demonstrar a eficácia da sonda imersa em glicerol, tendo em vista que o mesmo possui estabilidade similar ao dos medicamentos e trazendo maior grau de confiabilidade em relação a temperatura do ar (no caso das câmaras). É possível em câmaras que se abra muitas vezes e pela troca de temperatura do ar ser diferente da troca de temperatura dos líquidos (medicamentos) a confiabilidade do registro não se alcance, trazendo por consequência alarmes falsos e posteriormente a banalização de alertas em situações críticas. Já para o controle de portas, nós possuímos sensores que registram e alarmam especificamente para isso, todos configuráveis de acordo com a necessidade de cada câmara.
quaisquer necessidade de informação, estamos a disposição.
Um abraço, equipe sensorweb.
Bom dia
Poderia me informa onde encontro essa pesquisa comprovando a eficacia do uso do glicerol?
Olá Raphael, o link está no começo do texto em letras azuis! É um guia da CDC, referência do Reino Unido, para todo o mundo. Esperamos ter ajudado, um abraço.
João trabalho em serviço de hemoterapia há mais de 20 anos, onde todo processo de conservação de hemocomponentes é rigoroso, te digo que na prática mesmo que a sonda esteja no interior do glicerol acusa sim alterações na temperatura, o glicerol não a torna inalterável em caso de muito tempo a geladeira aberta.
Esse meu relato é da prática
Bom dia!
POr gentileza, a respeito do uso de glicerol, já há alguma legislação a respeito que seja do conhecimento de vocês?
Já há algum resultado da pesquisa que vocês estão realizando a esse respeito?
Muito obrigada!
Olá Fabiene, como vai? Existem algumas RDCs que atuam na parte de sangue e levantam a importância do glicerol no armazenamento dos hemoderivados, apenas. Quanto ao nosso serviço, nós fazemos o uso de glicerol nas sondas de nossos sensores para ser mais fidedigna a temperatura do ambiente monitorado e dos insumos armazenados dentro das embalagens, pois estas já possuem estabilidade padrão para preservar o insumo. Assim nossos clientes possuem um melhor compreensão das curvas de temperatura em nosso sistema, a partir de dados gráficos. Espero que nossos resultados tenha te ajudado de algum modo.
Um abraço
Olá!
Qual seria o volume ideal de solução ?levando em conta que o volume interfere na variação.
Posso utilizar a Glicerina Pura 100%, bidestilada, para imergir o sensor?
Boa Tarde, o que o CDC fala sobre a periodicidade de troca do glicerol nos refrigeradores de banco de sangue?
Oi Juliana, quando escrevemos o artigo mencionado a CDC não abordava nos documentos sobre troca de glicerol – mas também não falava sobre troca e calibração de sondas. Aproveite sua pergunta, que é muito boa, e fui procurar as validades publicadas sobre glicerol. Encontrei que um glicerol pode ter uma validade de 24 meses, a depender se teve ou não contato com outros componentes, juntando essa informação a nossa experiência do dia a dia, é possível concluir que o glicerol, se for utilizado exclusivamente para a sonda de temperatura, poderá ser trocada ou junto com a calibração (1x por ano) ou a cada dois anos como informação. Isso independe do insumo armazenado dentro dos ambientes refrigerados, certo?
Bom dia…qual a diluicao ideal para imersao dos sensores em glicerina …alguns indicam 10%glicerina em 90%de agua…qual seria a agua ideal?
Boa tarde!
A ANVISA publicou algo sobre este assunto?
Aceita que seja feito desta forma?
João trabalho em serviço de hemoterapia há mais de 20 anos, onde todo processo de conservação de hemocomponentes é rigoroso, te digo que na prática mesmo que a sonda esteja no interior do glicerol acusa sim alterações na temperatura, o glicerol não a torna inalterável em caso de muito tempo a geladeira aberta.
Esse meu relato é da prática