A internet das coisas otimiza processos de gestão em saúde

A internet das coisas é um conceito que abrange aplicativos, dispositivos, equipamentos e já apresenta soluções que estão otimizando processos de gestão no setor. Apesar de estar em desenvolvimento em vários países, no Brasil ainda dá os primeiros passos.

No setor da saúde

Está proliferando a quantidade de empresas que atuam na área de internet das coisas (IdC), na parte de plataformas, equipamentos e aplicações. Na área de saúde, lá fora, a grande evolução está principalmente com a parte de monitoramento de equipamentos e pacientes dentro de unidades hospitalares. Douglas Pesavento, CEO da Sensorweb, dá o exemplo dos equipamentos já integrados ao sistema de gestão do hospital, mas afirma que isso é algo que está ainda engatinhando no Brasil. Existem padrões de comunicação hospitalar, como o protocolo HL7, que permite interoperar sistemas na área de saúde – equipamentos, software, banco de dados – e integrar todas as informações. Isso está bem evoluído lá fora, nos EUA, Europa, Japão, e os equipamentos já estão saindo da fábrica com a comunicação embarcada e permitindo integrar ao sistema de gestão dos hospitais.

Interna das Coisas no Brasil

Alguns hospitais de referência – Albert Einstein, Rede D’Or, Icesp – estão começando agora a colocar isso como requisito de compra. É algo muito recente, em fase muito embrionária. Também a rastreabilidade de medicamentos está padronizada no exterior. Ou seja, temos uma tag associada ao medicamento que me dá todo o movimento dele, como correu e que me permite ativamente saber a localização dele. Essa é a área de IdC que tem crescido mais no Brasil, mas ainda é pouco utilizada, especialmente em ambiente público, que tem muito controle manual de medicamentos. Isso faz com que a perda aumente, seja por vencimento ou por armazenamento em condições não adequadas. Algumas pesquisas apontam que temos 15 a 20% dos medicamentos falsificados, então a rastreabilidade dos medicamentos ajuda nesse tipo de controle também.

Internet das coisas no mundo

Uma área que já tem soluções no estrangeiro é o monitoramento de insumos como líquidos e gases. Monitorar cilindros de hélio e gases especiais para a área de saúde é ainda muito manual. As pessoas têm que se deslocar periodicamente até os locais para ver se é necessário trocar. No estrangeiro isso já tem soluções, já está integrado no sistema de gestão. Quando o nível do gás está crítico, dispara automaticamente um processo de compra. É algo que aqui lemos, mas ainda não se vê na prática.

O controle de dispositivos vestíveis para monitoramento de pacientes traz bastante benefício para os hospitais, o que lá fora é bastante utilizado. As próprias farmacêuticas usam isso para testes de medicamentos, monitorando um paciente que está usando um medicamento em fase de teste, antes da aprovação. Mas isso está em fase de desenvolvimento, especialmente no Brasil, pois é necessário avaliar quais as soluções que têm uma boa relação custo-benefício.

A população que tem dependência de alguém, que precisa de cuidados, tem a tendência de crescer e existe uma expectativa de que essa população dependente deve ultrapassar a população dita produtiva, uma meta apontada para 2025, o que abre um leque muito grande de oportunidades para os vestíveis. Uma vez que você monitora o paciente, você pode trabalhar proativamente, verificar se ele está fazendo os exercícios regularmente, se está tendo os cuidados necessários, apoiar na indicação de medicamentos. Ainda é, hoje, muito incipiente.

Investimento

A eficiência da monitorização do paciente tem vindo a se comprovar e existem reais vantagens sobre a internação. Nos EUA e na China existe financiamento público para vestíveis, o Estado está ajudando as pessoas a adquirir esse tipo de equipamento pensando numa qualidade de vida e numa redução de custos do próprio sistema. No Brasil, vemos um aumento dos planos de saúde – atingiu quase 30% em 2015 -, comparativamente com outros países como os Estados Unidos, onde a cobertura engloba quase 90% da população. Dentro dos planos de saúde, existe o interesse em investir no monitoramento dos pacientes, especialmente idosos ou pacientes com problemas críticos. Já estamos comprovando os benefícios disso, evitando ter o paciente internado, reduzindo custo e conseguindo acompanhar o paciente diariamente e proativamente.

No Brasil deveremos ter várias frentes: os planos de saúde que vão disponibilizar isso para determinados perfis de pacientes, como os idosos, o próprio governo fomentando, mas não num curto prazo, e vai ter até o caso de famílias com poder aquisitivo contratando serviço de monitoramento diretamente com as empresas que oferecem esse tipo de serviço. Ainda existe a possibilidade de certos médicos ou as clínicas particulares disponibilizarem esse tipo de solução. Não há clareza quanto às formas como isso irá surgir, mas com toda a certeza não irá surgir de uma única forma.

Segurança dos dados

De acordo com artigo do médico escocês Des Spence, no British Medical Journal, os dispositivos vestíveis e apps de saúde são meros adornos comparáveis a brincos e colares. Para o médico de Glasgow, “Estes dispositivos e apps são incertos, os dados recolhidos não são confiáveis e muitos desses instrumentos não foram testados e não são científicos. A humanidade está perdendo tempo monitorando a vida em vez de vivê-la”. A segurança e privacidade dos dados são outras falhas apontadas por Spence.

Douglas Pesavento diz que isso é algo crítico no mundo inteiro, com casos de dados de planos de saúde e de hospitais que foram roubados ou extraviados, recuperados após o pagamento de milhares de dólares. Não há registro de casos de extravio de dados no Brasil, pelo menos na área de saúde. Mas é verdadeiro que há lacunas que vêm sendo corrigidas na infraestrutura de informação e telecom e de transmissão de dados. São coisas que atrasam a evolução da IdC, mas que obrigam a melhorar, tendo em consideração onde e como se guarda a informação, quem tem acesso a essa informação. São pontos críticos, requerem uma estrutura segura e fazem com que se trabalhe para melhorar a segurança dos dados e informações.

2016 é cedo demais

Hoje em dia a IdC para a área da saúde ainda está começando. Temos soluções, temos empresas iniciando nessa área, temos fundos de investimento, o primeiro fundo nasceu recentemente, em 2015, em São Paulo. Tem um tempo de maturação para isso e o próprio panorama do Brasil é complicado. Grande parte do investimento do setor de saúde vem do setor público e é sabido que há uma recessão. O próprio Ministério da Saúde admitiu que a situação está ruim, mas pode piorar, o que faz prever dificuldades na evolução. Na parte privada, com a abertura ao investimento estrangeiro, está tendo muito movimento de fundos estrangeiros querendo investir em hospitais e estruturas, principalmente, o que pode trazer alguma evolução na área privada.

O ano de 2016 não será o boom da IdC na saúde brasileira, mas será um ano de validação, é o ano em que poderemos validar a viabilidade financeira e vai permitir testar essas tecnologias e ter mais contato com isso, se familiarizar com esse tipo de solução, criar uma segurança na hora de apostar na tecnologia de IdC. Isso é algo que a Sensorweb percebe de forma intima, um processo pelo qual passou e passa na hora de demonstrar para o cliente o quanto a solução é eficaz, qual o retorno do investimento que ele faz.

Na área de saúde, é necessário provar por A+B que vai haver ganhos com a aposta em IdC. Hoje em dia, isso é algo possível de fazer com base em clientes existentes, apresentando históricos, o que se conseguiu evitar de perdas, como foi possível tornar os processos mais eficientes, o que agregou de valor em termos de qualidade e segurança de paciente.

Uma segunda opinião

Roberto Cruz, CEO da Pixeon, falou recentemente sobre como a internet das coisas pode ser um dos novos pilares da saúde. Internet das coisas (IdC) ou internet of things (IoT) é a comunicação entre “produtos do cotidiano” e a internet de forma a proporcionar ao usuário maior conforto e praticidade na hora de planejar atividades que dependam de alguma tecnologia. Dispositivos que lançam alertas, equipamentos programados para realizar uma determinada ação em determinado horário e com uma determinada periodicidade, ou os já famosos aparelhos para monitoramento e os dispositivos vestíveis.

Mas existem aplicações mais complexas de IdC, algo que seria mais futurista, como dispositivos subdérmicos colocados no paciente para monitorar os níveis de açúcar ou sensores ingeríveis, que controlam os efeitos de um medicamento. A internet das coisas pode proporcionar um conjunto de vantagens, que vão da área clínica à área financeira, reduzindo custos e aumentando a qualidade da assistência, diminuindo as perdas e os erros e majorando a eficácia dos tratamentos.

Cases de Sucesso

O Brasil está ainda engatinhando no que diz respeito à internet das coisas, no entanto, existem casos práticos dos pequenos avanços que vão já se registrando. A Sensorweb apresentou alguns desses casos que já são uma realidade no setor de saúde brasileiro

Instituto do Câncer de São PAULO – ICESP

O Icesp possui mais de 100 equipamentos monitorados, distribuídos em 27 andares. Antes da Sensorweb, os registros fora do horário comercial eram feitos pelos técnicos a cada quatro horas, ou seja, nem terminava de anotar as informações já tinham que recomeçar para dar conta. Ou seja, nestes horários alocavam praticamente uma pessoa dedicada a isso. Além da questão tempo e pessoas, o processo manual não garantia a confiabilidade. Após a implantação do Sensorweb o histórico de monitoramento e alertas permitiram à equipe de manutenção trabalhar proativamente nestes problemas e conseguir evitar perdas. Os alertas e informações gráficas permitiram também fazer uma manutenção preditiva de equipamentos, o que não acontecia anteriormente, pois os registros eram pontuais de quatro em quatro horas, não permitindo identificar problemas ou falhas nos equipamentos.

Hemorrede de Santa Catarina – HEMOSC

São monitorados mais de 400 equipamentos em 23 unidades do Hemosc. Antes da Sensorweb, era necessário deslocar pessoas durante fins de semana, feriados e à noite para as unidades a fim de realizar o registro da temperatura a cada quatro horas]. Também havia alocação de pessoas por 24 horas em algumas unidades mais críticas, para realizar este registro. Além de reduzir os custos, a solução permitiu monitorar constantemente e não somente a cada quatro horas. Essa mudança trouxe inúmeros benefícios, como: a verificação de problemas em equipamentos; disparo de alertas no momento do problema; e maior confiabilidade com a automação do registro. Também contribuiu para a conquista da certificação internacional da AABB (Associação Americana de Bancos de Sangue).

Institutos de Pesquisa

Em instituições de pesquisa, onde são armazenados materiais com anos de estudos, os equipamentos monitorados possuem valores muitas vezes inestimáveis. Isso ocorre devido ao grande esforço de equipe, tempo de estudo e materiais utilizados. Nos dois casos a Sensorweb foi efetiva no monitoramento, enviando alarmes nos momentos críticos em que os ultrafreezers ficaram inoperantes. Essa ação da solução permitiu aos responsáveis tomar as devidas ações e não perder o material destes equipamentos. Já nos outros dois casos, que aconteceram no ICC da Fiocruz em Curitiba e também no CDCT/FEPPS vinculado ao Governo do RS, a perda evitada foi superior ao investimento na solução de IdC.

Resumo de Ganhos

  • Redução na frequência de falhas nos equipamentos, pois a atuação em alarmes permite antecipar algumas quebras;
  • Redução do risco de perda de produtos, com casos reais em que foram evitadas estas perdas;
  • Verificação de problemas dos freezers através dos gráficos e alertas que o sistema possibilita;
  • Melhoria na logística de manutenção, permitindo uma vez identificar equipamentos com problemas, planejar melhor sua manutenção;
  • Redução no tempo gasto com as atividades de registro e verificação manuais;
  • Registo em tempo real, o que permite correção imediata de eventuais anomalias.

Análise escrita por Filipe Sousa e publicada na revista Diagnóstico nº 32.


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