O Engenheiro Clínico e o Hospital Conectado
Se você acompanha nosso blog, já deve ter percebido que damos muita importância a Saúde 4.0, o futuro das coisas (inclusive da medicina) e todas as tendências tecnológicas desta área. É claro que, seguindo por este caminho não poderíamos deixar de mergulhar em uma das frentes que representa a poderosa fusão entre a saúde e tecnologia: Os hospitais conectados e o engenheiro clínico.
O Engenheiro Clínico é um profissional de importância única, pois este é fundamental para o bom funcionamento (e aqui estamos sendo modestos) de uma instituição de saúde, especialmente quando o assunto é gestão de equipamento e infraestrutura.
Os profissionais desta área são a linha de frente para que o hospital se torne inovador e ágil sem perder a infraestrutura já adquirida. Quando se fala em hospital conectado então, o engenheiro clínico se torna uma peça-chave nessa transformação.
A tendência é que esta profissão ainda cresça muito!
E não se engane, o número de hospitais conectados está se desenvolvendo tanto quanto o mercado da engenharia clínica.
O que contribui expressivamente para o bem estar dos pacientes, para o crescimento dos profissionais de saúde e para as inovações na área da saúde. Por esses motivos é que falaremos com detalhes sobre essa profissão e qual a relação com o hospital conectado.
Avisto importante: Você não precisa ser da engenharia clínica para aproveitar cada linha deste artigo. Se você participa da área da saúde ou apenas tem interesse de se aprofundar neste universo, este artigo será útil para você.
Um pouco da engenharia clínica
Você sabia que a engenharia clínica faz parte de uma outra formação? Ela é uma área de conhecimento que surgiu por conta da necessidade em executar funções com o foco específico dentro de uma outra área de atuação – a engenharia biomédica.
Na verdade, para se tornar um engenheiro clínico você precisa primeiro ser um engenheiro biomédico, e nós falaremos mais a frente sobre a importância deste profissional para o funcionamento de qualquer hospital.
Essa especialização começou nos Estados Unidos por volta dos anos 60 visto a necessidade gerada pela preocupação com os pacientes. Como você deve imaginar, a área logo se popularizou e se alastrou para outras partes do mundo.
No Brasil os profissionais da área demoraram um pouco mais a chegar, e só apareceram por volta dos anos 80, por conta de uma pressão financeira – afinal, economicamente falando, uma gestão de tecnologia apropriada traz uma grande contribuição para o ambiente hospitalar.
O que faz um engenheiro clínico?
Como falamos, a Engenharia Clínica demorou a chegar no Brasil e por isso é importante lembrar que a profissão ainda está engatinhando por aqui.
De maneira geral, hoje, o engenheiro clínico é o profissional que vai cuidar do que chamamos do “ciclo de vida” da tecnologia e equipamentos hospitalares.
Podemos dizer então que ele gerencia tecnologias de saúde dentro da instituição, desde o recebimento e manutenção – preventiva e corretiva – até tarefas mais específicas como testes de aceitação e treinamento de funcionários.
O engenheiro clinico também atua na infraestrutura – principalmente em gestão de grandezas e construção ou reformas
O Engenheiro Clínico deve aplicar os conhecimentos que sua formação oferece para implantar melhorias na instituição de saúde e nos cuidados com o paciente em relação a toda a esfera que o envolve – como a infraestrutura física e dos equipamentos, por exemplo.
Parece muita coisa? E é mesmo! Por isso dividimos esse artigo em categorias, para você visualizar melhor como ficam as atividades de um engenheiro clínico. Mas antes, começaremos pelo conceito de hospital conectado.
Hospital Conectado, o que é?
Para entender o que está por trás do “Hospital Conectado” nós restamos um outro assunto que trouxemos em artigos de nosso blog.
A chamada Internet das Coisas – em inglês se chama Internet of Things (IoT) – é, resumindo, um conceito da tecnologia que atribui à objetos convencionais ou recém lançados uma integração por rede sem fio, de forma que estes possam se conectar entre si e ainda executar funções que antes eram feitas manualmente.
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O Hospital conectado, então, é justamente um hospital que possui seus ambientes, equipamentos e dispositivos integrados sob uma única rede que providencia diversas funções como, por exemplo, o monitoramento, controle e registro de informações.
A existência de instituições conectadas como a que citamos é cada vez mais considerada uma necessidade. O espaço no mundo para ambientes desconectados e isolados está ficando cada vez menor. Podemos afirmar que, o hospital conectado representa uma nova era de eficiência e agilidade, conquistada através da tecnologia da comunicação.
Existe um outro profissional a quem a implementação de um hospital conectado beneficia tanto quanto a um engenheiro clínico, o médico. Ou seja, quando o assunto é salvar vidas, a tecnologia é uma forte aliada.
Afinal, é graças a ela que a informação é rapidamente compartilhada, analisada e absorvida, assim tornando as respostas à problemas mais velozes, eficientes e satisfatórias para todos, principalmente, os pacientes.
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Um dos destaques que a fusão entre medicina e hospital conectado traz, tem a ver com o acesso das equipes de saúde a todas as informações disponíveis sobre um paciente, seus alertas e as relações com outras doenças, medicamentos e tratamentos. Esse feito só é possível graças as mais variadas e complexas formas de recursos tecnológicos que temos ofertadas nas atuais gerações.
Dito isso, concluímos brevemente que os hospitais conectados (como já falamos diversas vezes no nosso blog) fazem parte do “futuro da medicina”. Os ambientes conectados já apresentam uma gama de equipamentos, componentes e modelos de gestão avançados em comparação aos modelos ainda mantidos na gestão de saúde pública do Brasil. Além de que os profissionais, como os da engenharia clínica, devem ser atentos às tendências que surgem no mercado.
Nós já escrevemos um e-book recheado de informações sobre a conexão dentro do hospital, se você quer se aprofundar neste assunto, baixe agora: Hospitais Conectados: Como Funciona?
Engenheiro Clínico em Hospitais
A influência que o engenheiro clínico possui na escolha de equipamentos e inovações para o hospital é alta, e sim, essa profissão pode – juntamente com a estratégia administrativa e médica – transformar o hospital em pura tecnologia. Por isso o reforço de que: a presença e atuação de um engenheiro clínico no hospital é fundamental.
É este profissional que é responsável pelo ciclo de vida dos equipamentos, gestão de insumos na infraestrutura hospitalar e na integração entre a saúde e a tecnologia. Pois, não basta ter equipamentos, softwares e infraestrutura preparada se as equipes de saúde não fizerem uso delas em prol de suas atividades, ampliando a segurança do paciente.
Com base nisso, podemos afirmar que o trabalho de um engenheiro clínico se desenvolve melhor quando este trabalha em conjunto com a área de tecnologia da informação (TI) da instituição – e quanto esta também se torna amigável para futuras mudanças na infraestrutura, na segurança de dados e nas formas que as coisas irão se conectar. Esses profissionais são complementares e ambos essenciais para o sucesso da aplicação tecnológica no ambiente hospitalar.
Engenheiro clínico e as funções principais
Para entrar em detalhes sobre as principais funções de um engenheiro clínico, acreditamos que um infográfico te ajudará a iniciar esse entendimento sobre a realidade desse profissional!
Vamos, então, à especificidade das mais importantes atribuições desse profissional.
Equipamentos
O engenheiro clínico se responsabiliza pela aquisição, recebimento, testes, plano de gestão, operação, treinamento de equipe – garantindo o uso eficaz e seguro da ferramenta, além de sua manutenção preventiva e corretiva – passando pelo recebimento, testes, plano de gestão, operação e treinamento de equipe.
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Resíduos tecnológicos e radioativos
Ele é responsável pela gestão dos resíduos tecnológicos e/ou radioativos da instituição. Você iria se surpreender com a quantidade de resíduos destes gêneros que são produzidos por hospitais.
O profissional deve programar o descarte dos materiais, baterias, lâmpadas, partes de peças usadas ou até mesmo equipamentos desativados e qualquer material técnico gerado das atividades do dia a dia do hospital.
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Setor tecnológico
Primeiramente, todo o planejamento, definição e execução de políticas e programas da gestão médico-tecnológica é de responsabilidade do Engenheiro Clínico.
A parte de planejamento, definição e execução de políticas e programas para toda a gestão de tecnologia médica também está em sua alçada. Nisso, podemos incluir o gerenciamento de riscos, melhorias na qualidade do serviço, atendimento à demanda de pacientes e otimização da produtividade de todos os colaboradores da instituição.
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Segurança antes e depois (do hospital estar pronto)
Se você pensa que o Engenheiro Clínico é essencial apenas quando o hospital já está pronto e em pleno funcionamento, está muito enganado!
Muito antes das portas abrirem, ainda no período de obras e/ou quando o hospital está apenas na planta, esse profissional se faz extremamente necessário. Ele é bastante requisitado (para não dizer indispensável) em várias etapas da obra, como dimensionamento de espaços, dimensionamento de parte elétrica, hidráulica e na pré-instalação de equipamentos.
Quando o assunto é segurança hospitalar, é responsabilidade do engenheiro clínico, ainda, orientar e fiscalizar todo esse processo que falamos ali em cima, para que a legislação e as normas que regem a Saúde sejam devidamente cumpridas. Surpresas desagradáveis não podem (nem devem) fazer parte dos planos.
Com o hospital já em funcionamento, caso haja necessidade, é ele quem realiza orçamentos, compatibiliza infraestruturas e gerencia as obras e/ou intervenções.
Consultoria
E por fim, mas não menos importante, os engenheiros clínicos podem oferecer consultoria para que um hospital alcance as certificações de qualidade exigidas pelo mercado e por órgãos reguladores. Esse serviço pode ser oferecido a mais de uma instituição ao mesmo tempo, colocando sempre a qualidade em primeiro lugar.
Gestão de Recursos
Vale lembrar que eles também podem se encarregar de questões financeiras! Tornando o hospital mais eficiente de si próprio e recorrendo a bem menos recursos econômicos. Eles são os responsáveis pelos custos de manutenção do hospital.
É dever de um bom engenheiro clínico tornar o hospital menos custoso e mais eficiente. Afinal, são eles que gerenciam contratos, orçamentos e coordenam serviços, além de avaliar e otimizar as operações internas. Eles são os responsáveis pelos custos de manutenção do hospital.
Agora que as principais funções estão explicadas, precisamos de contar mais uma coisa. Todo hospital deveria ter um engenheiro clínico à frente de sua gestão tecnológica. Afinal, muita Internet das Coisas e tecnologia aplicadas em um lugar mal administrado podem acabar virando um problema.
O futuro da engenharia clínica
Existe um crescimento alto na procura de profissionais nos últimos anos. Cada vez mais instituições de saúde incluem a inovação na sua estratégia, infelizmente ainda faltam profissionais. Este fato, só torna ainda mais difícil que o mercado veja uma melhoria no setor.
A tendência é que essa falta não dure por muito tempo, já existem instituições educacionais no país que oferecem curso de especialização nessa área. Esse movimento fará com que o número de profissionais tenha um crescimento considerável não apenas em quantidade, mas também em qualidade.
Graças a órgãos reguladores, como a Anvisa, que fez uma Resolução publicada em 25 de janeiro de 2010, a presença destes profissionais se faz obrigatória em ambientes hospitalares (o que inclui hospitais de grande porte, clínicas ou postos de pronto atendimento, por exemplo).
Agora que você já conhece o universo da engenharia clínica, a lição que fica é que o tamanho do hospital é o que menos importa. O importante é que o hospital tenha um engenheiro clínico à frente de suas operações tecnológicas e administrativas. No final das contas, esse detalhe pode fazer toda a diferença quando o assunto for salvar vidas.
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