A conservação do sangue num sistema refrigerado é de indispensável importância para a manutenção da qualidade dos hemocomponentes e de seus derivados, tanto no caso de doações para transfusão como no caso de amostras para exame. Um aspecto dessa conservação, porém, pode acabar sendo negligenciado: o “caminho” que o sangue faz. É por isso que vamos falar neste post sobre a cadeia de frio, que se relaciona com os cuidados com a temperatura ideal desde a coleta do sangue até o seu uso, incluindo etapas como armazenamento, transporte e administração.
Uma amostra de sangue mal conservada pode se deteriorar por uma infinidade de motivos, desde o aparecimento de bactérias indesejáveis e outras contaminações até a hemólise das hemácias ou a coagulação. Segundo a Portaria nº 1.353 de 2011 expedida pelo Ministério da Saúde, que regula os procedimentos técnicos da hemoterapia: a temperatura recomendada para o armazenamento do sangue total, das células vermelhas e do concentrado de hemácias ou do concentrado de hemácias lavadas deve se estabilizar entre 2ºC a 6ºC. Níveis abaixo de 2ºC podem comprometer a estrutura das células e níveis acima de 6ºC aumentam o risco do aparecimento de contaminações.
Já o plasma fresco congelado precisa de temperaturas bem mais baixas. Ou seja, de -20ºC a -30ºC consegue-se conservar o derivado por até um ano. Já as temperaturas que estão abaixo de -30ºC a -40º prolongam esse prazo para até dois anos. As mesmas temperaturas valem também para o criopreciptado.
Nós já abordamos essas características em outros artigos nossos que fala do plasma, das plaquetas e do crioprecipitado. Mas voltando ao nosso assunto aqui, existem refrigeradores com sistemas de monitoramento e até alarmes para melhor gerenciar a temperatura de armazenamento do sangue recolhido e seus derivados. Temos como exemplo as câmaras frias da FANEM. Mas não é apenas de câmaras que o sangue e seus hemoderivados precisam. Afinal, uma vez que o sangue ou seus componentes precisem ser utilizados, um transporte confiável é necessário para mantermos o cuidado com a cadeia do frio para a conservação desses insumos.
O método indicado para o transporte de material orgânico e que respeita a manutenção da cadeia do frio é o uso de caixas térmicas. Uma estrutura de padrão satisfatório vai conservar o sangue e seus derivados numa temperatura que varia de 1ºC a 10ºC. Isso significa que o transporte: do sangue total; das células vermelhas; e do concentrado de hemácias pode ser realizado normalmente, tendo cuidado apenas em fazê-lo de maneira ágil. Já para o plasma congelado e o criopreciptado: pode-se usar a mesma caixa, mas é recomendado, então o uso do gelo seco, para garantir uma temperatura ainda mais baixa e uma conservação mais confiável dos insumos.
Importante: a caixa térmica de maneira alguma deve ser usada como método de armazenamento dos componentes, apenas para o transporte deles, porque isso é feito de maneira temporária e, geralmente (e de preferência), logo antes do insumo ser utilizado. Armazenar material orgânico em caixas térmicas tira a previsibilidade de sua duração, já que as temperaturas diferem de um refrigerador propriamente dito.
Para mais informações sobre a conservação correta do sangue confira nossos outros conteúdos e indicações de materiais relacionados abaixo!
> 5 razões para participar da Hemo 2015
>> Plano de Contingência: Uma introdução ao disparo de alertas na cadeia do frio.
>> O Armazenamento e a temperatura do sangue, seus componentes e derivados
>> O sangue, componentes e derivados: o cenário de perdas e descartes
>> Ficha de Registro e Controle de Temperatura e Umidade
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