Internet das Coisas: um aliado na luta contra as perdas de insumos

Com a Internet das Coisas é possível reverter informações como essas! A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que 50% do total de vacinas produzidas em todo mundo são perdidas anualmente. Resolver esse problema não é tão simples, demanda tempo e discernimento para a escolha do melhor investimento a ser feito, especialmente porque não existe um único vilão nessa história e sim uma série de fatores, que juntos contribuem para esses indicadores tão alarmantes. As causas do desperdício são diversas, desde falhas de energia, falta de treinamento de profissionais da saúde, até refrigeradores inadequados abarrotados de vacinas. Sem falar da deficiência e escassez no monitoramento contínuo das temperaturas e condições nas quais esses insumos vitais são armazenados.

Desperdício: falta números, sobra notícias

Embora não existam números consolidados relacionados às perdas no Brasil, a imprensa noticia com grande frequência ocorrências deste tipo, especialmente na rede pública de saúde. A Prefeitura de São Paulo, recentemente, divulgou um relatório afirmando que mais 630 mil doses foram perdidas em 18 meses (entre 2014 e 2015), nos mais de 450 postos de saúde da cidade.

No município de Florianópolis, algumas unidades de saúde tiveram uma média superior a seis alterações de temperatura no ano, ou seja, a cada dois meses as vacinas foram descartadas por falha de conservação. Os motivos reportados são os mesmos em ambos os casos: danos em equipamentos ou falhas nos sistemas de distribuição de energia elétrica. Diante disso, o primeiro pensamento que vem a cabeça é: se regiões mais desenvolvidas, incluindo a capital do estado mais rico do país, apresentam estes indicadores, como ficam as demais, especialmente localidades menos abastadas? Ademais, imagine o impacto disto para os cofres públicos.

A evolução das vacinas vs preservação da cadeia fria

O Brasil é um país onde houve uma enorme evolução no que tange à produção de vacinas. Porém, ainda há muito para se avançar no que diz respeito à preservação desses insumos. Claro que estamos falando de um país de grandes dimensões, onde as temperaturas, em um mesmo período, podem ultrapassar os 40 graus no interior do estado do Tocantins ou serem negativas nas Serras Catarinenses – o que certamente dificulta a criação de um padrão de conservação. Porém, a tecnologia e o conceito de Internet das Coisas (IoT) e, sobretudo, o bom senso, podem ser cruciais nessa luta contra o desperdício.

É importante, antes de tudo, contextualizar, que existem dois tipos de perdas. A primeira delas, chamada de técnicas, ocorrem devido ao ciclo de vida das vacinas: frascos multidoses são abertos, mas como não há demanda acabam não sendo consumidos dentro do prazo de vencimento, ocasionando inevitavelmente o descarte. Já a segunda categoria, às das perdas físicas, está relacionada aos erros de manipulação e problemas com a rede de frio. E são exatamente essas perdas que com algumas medidas poderiam ser mitigadas.

O investimento ideal

A conservação adequada e o monitoramento de temperaturas, que muitas vezes ficam em segundo plano nos investimentos governamentais, são itens imprescindíveis dentro deste contexto. Uma pesquisa de amostragem realizada na região metropolitana de Fortaleza (CE) relacionou os elevados índices de desperdício aos desvios na temperatura. Parece irônico, mas, a grande maioria das perdas, foi por congelamento das vacinas, que deveriam ficar na faixa de 3ºC a 7ºC, deixando os últimos graus (2ºC e 8ºC) como a faixa limite para resolver eventuais problemas. E o que poucos têm noção é que o investimento necessário para um monitoramento 24 horas de temperaturas, por exemplo, não ultrapassa 1% dos valores correspondentes aos insumos armazenados em estoque, mas em contrapartida, permitem reduzir ou até mesmo eliminar o índice de perdas físicas, que chega a ser 5% deste mesmo total.

Infelizmente o cenário no armazenamento de vacinas é de precariedade.

Geladeiras tradicionais ainda são amplamente utilizadas para essa finalidade, sendo que o controle térmico desses equipamentos não é nada preciso, sem falar que em muitos destes locais, como não existe se quer um único termômetro para medição, não há nenhuma anotação a respeito da situação de armazenamento. Isso é ainda mais contraditório pelo fato da Anvisa já ter recomendado a descontinuidade dessa aplicação e a substituição dos refrigeradores pelas câmaras de conservação.

Desenvolvidas exatamente para isso, as câmaras possuem sensores para marcar temperaturas, representando um considerável avanço de estabilização térmica de produtos críticos para a saúde.  Além disso, as mais modernas do mercado possuem painéis eletrônicos, que de forma simples e intuitiva para o usuário, permitem executar inúmeras funcionalidades capazes de aprimorar e facilitar as atividades e ainda estabelecer um controle técnico assertivo. No caso de falta de energia, a tecnologia das câmaras permite a manutenção da temperatura evitando a perda do material armazenado.

A Internet das Coisas como ajudante primário

Além disso, hoje em dia é possível contar com tecnologias que monitoram minuto a minuto a temperatura e disparam alertas no momento certo. Ou seja, quando a temperatura ultrapassar a mínima ou a máxima configurada pela equipe de saúde. São sistemas ou serviços simples que ajudam a monitorar as vacinas, a energia e também os equipamentos, em caso de falhas. Com o registo manual, por exemplo, não é possível ter a mínima ideia do que acontece dentro do centro, nos finais de semana e feriados. E parece que, são exatamente nestes dias, quando ninguém está olhando, que ocorrem os problemas.

A vantagem é que, com o apoio da tecnologia, mesmo à distância, seja ou não dia de folga, consegue-se viabilizar um procedimento emergencial. Isso é possível, graças ao monitoramento contínuo e Internet das Coisas (IoT), que traz um panorama de cada câmara, 24 horas, todos os dias da semana. Assim assegurando a confiabilidade do sistema e garantindo que os responsáveis sejam comunicados imediatamente após a identificação de algum problema.

Ao contrário do que muitos pensam, a saída para o desperdício que está ocorrendo não é a compra de novos lotes de vacinas. É claro, que em alguns momentos isso é necessário, mas se não tivermos a consciência dos cuidados que envolvem o armazenamento e direcionar os esforços para o correto armazenamento, nada adiantará. Investir em tecnologia assegura não só a integridade das vacinas, a economia de recursos, mas principalmente a vida de milhões de pessoas. Em um cenário tão complexo e adverso direcionar recursos para monitoramento a distância é um bom caminho na redução das indesejáveis perdas de insumos.

Douglas Pesavento é CEO e Co-founder da Sensorweb, startup que desenvolve soluções em Internet das Coisas (IoT) para a Saúde e é responsável pela unidade de conectividade da FANEM.


MATERIAIS RELACIONADOS:

E-book: 9 dicas para escolher um bom
Sistema de Monitoramento Contínuo

>>  As boas práticas no armazenamento de medicamentos
>> O uso do glicerol no monitoramento de temperatura
>> O que é um Sistema Validávell (ANVISA)?
>> Sensorweb treinando novos clientes #solução
>> O que analisar em software para saúde antes de contratar?
Temos vários MATERIAIS GRATUITOS com outras informações que vão te ajudar a manter o dia a dia das instituições de saúde. Para isso basta acessar outros dados e compartilhe suas dúvidas!

Compartilhar

Posts recentes

Newsletter da Sensorweb: inscreva-se e fique por dentro da inovação na saúde

Se você trabalha na área da saúde, no setor farmacêutico ou na logística de medicamentos,…

24/04/2024

Checklist essencial para cumprir as exigências da RDC 430

Você já deve saber que a RDC 430 é uma norma da Anvisa que estabelece…

21/03/2024

10 anos de parceria com o HEMOSC: Novo contrato e nova tecnologia.

Uma década de parceria e serviços prestados com tecnologia e cuidado: assim é a relação…

18/03/2024

Sensorweb: fazendo parte da luta contra o câncer infantil no Hospital de Amor

Dia 15 de fevereiro é o Dia Internacional da Luta contra o Câncer Infantil. Essa…

15/02/2024

A importância da rastreabilidade no monitoramento de temperatura

A temperatura tem um papel muito importante em diversas indústrias, desde a alimentícia até a…

22/01/2024

Tendências e tecnologias de monitoramento hospitalar

O monitoramento de temperatura é o acompanhamento contínuo das variações térmicas em ambientes, produtos armazenados…

19/01/2024