Diário de S. Paulo: Prefeitura joga fora 631 mil doses de vacinas
Secretaria Municipal de Saúde teve prejuízo de R$ 5,3 milhões em vacinas nos últimos 18 meses por falhas em geladeiras.
Entre janeiro de 2014 e junho do ano passado, a Secretaria Municipal de Saúde jogou no lixo mais de 631 mil doses de vacinas que deveriam imunizar o mesmo número de pacientes. Esse número alarmante diz respeito apenas a falhas nas geladeiras ou falta de energia elétrica.
É como se diariamente, em 18 meses ininterruptos, as 451 unidades da Prefeitura aptas a aplicar esse tipo de medicamento tivessem jogado fora 1.154 doses de vacinas. O motivo é porque elas perderam a eficácia após serem expostas a mais de 8 graus Celsius.
O prejuízo supera R$ 5,3 milhões. As vacinas são compradas pelo Ministério da Saúde e repassadas aos municípios.
Para se ter uma ideia do tamanho desse rombo, com esse dinheiro que foi parar no lixo a Prefeitura poderia construir ao menos uma UBS (Unidade Básica de Saúde). O preço estimado da mesma, segundo o próprio prefeito Fernando Haddad (PT), é de R$ 4 milhões.
Os dados obtidos com exclusividade pelo Diário mostram ainda que se o segundo semestre de 2015 seguir o mesmo ritmo dos primeiros seis meses do ano. O cenário do descaso com o dinheiro público é ainda mais crítico. Enquanto 3,2% das vacinas distribuídas nas UBSs em 2014 foram inutilizadas por conta das falhas, no primeiro semestre do ano passado esse índice subiu para 4,1%.
De janeiro a dezembro de 2014, das 13, 4 milhões de doses entregues pelo governo federal à Prefeitura, 428,5 mil foram desperdiçadas por falhas elétricas (não há geradores nas unidades) ou panes nos refrigeradores onde são condicionadas as doses. No primeiro semestre de 2015, do total de 4,9 milhões, 203,1 mil estragaram nas geladeiras das UBSs.
Resposta do Governo
A secretaria justifica esse crescimento dizendo que no primeiro semestre do ano há mais incidência de falhas elétricas devido ao período de chuvas. A pasta afirma não ter obrigatoriedade de instalar geradores ou sistemas no-breaks em todos os postos de saúde da cidade. Por fim ela culpa a instabilidade do sistema elétrico da AES Eletropaulo pelo problema que, lá na frente, prejudica, como sempre, os usuários.
Do total de ocorrências que culminaram com vacinas no lixo em 2014, 67,9% ocorreram, segundo a Prefeitura, por falhas na rede elétrica externa. Esta sendo de responsabilidade da empresa de saneamento elétrico. No ano passado, só até junho, esse percentual subiu para 77,7%.
“No caso de não ter um gerador, medidas simples como: colocar as vacinas em caixas de isopor com gelo, acomodadas da forma correta para evitar o contato com a água, poderia fazer com que a temperatura permanecesse, por algumas horas, entre 2 e 7 graus mesmo após a falha elétrica”. Afirmou a farmacêutica Liana Montemor, do Valida, laboratório especializado em controle de temperatura de medicamentos.
Por: Lucilene Oliveira (lucilene.oliveira@diariosp.com.br) | Fonte: Diário de S. Paulo
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